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Os sapatos da Bruxa

Eu era só uma aprendiz, caminhando tranqüilamente com mais duas aprendizes em um antigo castelo, nevava um pouco, o cenário era lindo... em um dado local do jardim, encontramos quatro bruxas, o circulo mágico estava aberto, diferente dos que eu já vi, usaram de um circulo "pré-desenhado" de mármore para delimitar o traçado, ao centro, uma espécie de tocha também em mármore, com uma chama azul esbranquiçada, um pó vermelho espalhado em forma de quadrado, e com um pentagrama desenhado com o dedo de uma delas, um em cada ponto cardeal, também uma vela para cada, mais ao centro do circulo. Estranhei que somente uma delas estivesse dentro do circulo, bem em cima do pentagrama ao sul, ela usava uma veste branca de pano de pano bem leve, porem que não esvoaçava, seus longos cabelos negros davam contraste com sua pele alva, e seus olhos se mantinham fechados enquanto ela voltava suas mãos para os céus. Fora do circulo, ao norte, encontravam-se as outras três, assentadas, e sem vestes especiais, apesar de todas estarem vestidas com roupas pretas. Reconheci uma delas... “Sayuri” chamou, era a Goddess, fomos as três de encontro a ela, Sayuri, Musa e eu. Depois de nos cumprimentarmos, ela pediu a Sayuri que lhe fizesse um favor. “Precisamos saber para que lado seguir agora, poderia percorrer o circulo, para ver se conseguimos algum sinal?”. Ela aceitou, e assim foi ela, cruzou de leste a oeste, depois seguindo o traçado do circulo, foi em direção ao norte, sem porque desequilibrou e caiu, sua saia vermelha e comprida encobriu a vela, lembro-me de ter reparado que mesmo a chama estando muito perto do pano, aparentemente encostando nele, ele não pegou fogo. Enquanto eu olhava pra esta cena, e tentava entender este inexplicável acontecimento, surgiu um homem. Ele era pálido demais, com vestes antigas, uma longa barba branca, uma cartola comprida e usava uma lente externa no olho direito, com uma corrente dourada, que estranhamente era a única coisa nele que parecia ter alguma cor, todo o resto parecia estar em escala de cinza. Ele parou diante de nós e disse “Observem bem os sapatos de meu filho, e lembrem-se dele” e saiu andando em direção ao norte enquanto um garotinho de aparentemente sete ou oito anos veio correndo, as demais bruxas comemoravam, uma delas disse “você encontrou os sapatos da Bruxa, parabéns Goddess!”.
O garoto passou e mostrou seus sapatos para cada uma de nós, eram muito estranhos, parecia que metade do pé do garoto havia sido quebrado e seus dedos virados para o lado de fora, dedos horríveis, grossos e ásperos, com unhas que mais pareciam garras, que saíam dos sapatos que pareciam ter sido ‘estourados’ na frente. Ele saiu correndo, na mesma direção para a qual seu pai foi logo antes dele, e nós fomos atrás. Ele entrou no castelo, era um local publico, aberto à visitação, mas não tinha ninguém, funcionários nem nada, eles iam subindo escadas atravessando portas, e em um dado momento, nos encontramos em um local destruído, ruínas estranhamente “atuais” para um castelo medieval. Espantadas com este fato, espiávamos tudo, quando de repente apareceu o tal homem, com um cajado enorme. Ele queria nos matar, começou a nos perseguir, acabamos nos espalhando, de repente me vi correndo sozinha pelos destroços, o garotinho ia a minha frente, indicando caminhos, mas eu logo saquei, não confiei nele, ele, obviamente estava a favor do pai. Enfim cheguei a uma saída, mas estava no alto do castelo, que devia ter lá seus 4 ou 5 andares, eles estavam me alcançando, eu não sabia o que fazer, então eu comecei... “Oh grande Mãe, criadora de tudo, peço sua proteção agora, me guie e ilumine meu caminho, preciso de você” foi quando eu vi um pequeno buraco e pulei nele, escorreguei até o solo, e corri muito, saí pelo portão e deu em uma estação de trem, quando entrei no trem, as outras bruxinhas estavam todas lá. Uma delas, a loura, me disse que conseguiram pegar os sapatos, estava na mala escrito “BOOM”, eu olhei pela janela e vi as malas sendo embarcadas pelos funcionários da estação, em seguida, a tal mala caiu da bancada onde elas se encontravam. Logo depois ela levitou e saiu “andando” para longe, como se alguém tivesse a carregando. Ao passar pelo portão do castelo, o vi... o homem barbudo de cartola, seguiu andando sem olhar para trás.

Cabeça de bruxa faz cada coisa enquanto dorme... hoje a minha me presenteou com este conto.

Beijinhos


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